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Página:Os heróes brazileiros na campanha do sul em 1865.pdf/10

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A infancia e a adolescencia são as indicações physionomicas mais fieis da indole e caracter dos homens. Quem com attenção acompanhasse os factos da infancia de um Nero havia de ver nelle o tyranno de Roma e o assassino de sua mãi, irmão, mulheres, e do philosopho Seneca seu preceptor; e quem acompanhasse a meninice de um Tito Vespasiano enxergaria no futuro o rei que mereceu ser appellidado por seus vassallos as delicias do genero humano.

O Sr. D. Pedro II foi um menino cuja docilidade e submissão fazião entrever o homem inclinado á verdade e ao bem, e que seria o exemplo do respeito que mais tarde infundiria a sens subditos por todas as instituições da lei; e sua intelligencia e applicação não vulgares, e a estima e veneração que votava a seus preceptores, o recommendavão ao paiz como um luzeiro que offuscaria a todos os luzeiros do mundo, e ás letras como o seu protector nato e filho predilecto.

José Bonifacio, com aquella sinceridade e criterio que todo o mundo lhe reconhecia, vangloriava-se de ter adoptado por filho o verdadeiro Anjo da patria.... E tal foi o seu desenvolvimento physico e intellectual, taes os instinctos de sua munificencia, e o acerto com que discutia não só ácerca de diversas sciencias, como sobre os negocios do Estado, que o paiz, cansado das reacções e das regencias, acclamou-o maior a 23 de Julho de 1840, tendo elle apenas 15 annos de idade.

E foi aqui que pela primeira vez o menino despio as faxas da infancia, para erguer-se como um vulto imperante, e demonstrar ao mundo a firmeza de uma vontade energica, arrostando e vencendo com um « quero já » a todos aquelles que se oppunhão á sua maioridade, reclamada pelo povo. E no dia 18 de Julho de 1841 foi a cidade do Rio de Janeiro testemunha do grandioso espectaculo da coroação do seu Monarcha, vendo com esse diadema que cingia a fronte augusta coroados os seus mais ardentes desejos, e realizada a felicidade de todo o Imperio.

Os decretos de amnistias, as commutações de penas, a sancção a todos os actos justos dos ministerios, a caridade com que prompta e espontaneamente acudia aos reclamos da miseria, e o vivo interesse que tomava pela sorte de seus subditos, e sobretudo o respeito dos cultos e da moralidade dos costumes, vierão firmar em todos os espiritos a convicção que já tinhão de que o Sr. D. Pedro II, além de Imperador por herança e unanime acclamação do povo, era tambem o pai commum de todos os Brazileiros.

E, como se a Providencia quizesse não só multiplicar os seus favores, senão tambem que um Ente tão caro se reproduzisse em outros Entes, cujos dotes divinos tornassem viva e indelevel no coração do povo a idéa do Penhor da sua ventura, um novo Anjo tutelar voou do céo da Italia ao horizonte do Brazil, onde acompanha o grande Luzeiro em sua marcha radiante, e, bebendo-lhe os raios de sua gloria, vôa ao povo a trazê-los repartidos em sorrisos do amor maternal que lhe consagra; e esse Anjo ė S. M. I. a Sra. D. Theresa Christina Maria, irmã de D. Fernando II, rei de Napoles, com quem se casou o Sr. D. Pedro II no dia 4 de Setembro de 1843.

O primeiro fructo de tão feliz consorcio foi o Principe Imperial D. Affonso, que, se não servio ao povo senão para fazê-lo prantear a sua perda, serve á historia do Pai para commemorar-lhe um facto que demonstra a sua extrema sensibilidade. Com effeito, quem vio o Imperador com o recem-nascido nos braços, pallido de emoção, apresenta-lo