timentos de abnegação a caridade tão communs no coração brazileiro, e que por um tetrico torpor havião por um instante adormecido.
E era bello e edificante o quadro que á luz mortiça do desfallecimento e da dòr se desenhava em grupos vivos de animação e caridade christã ! !....... No plano de luz sobresahia o perfil da Magestade, que se reconhecia, não pelo manto nem pela corôa, mas pela elevação do sentimento que nesse momento solemne lhe irradiava o semblante de uma graça evangelica ! !...... Sentado nas camas infeccionadas do mal contagioso, solicito em examinar com os medicos do estado da enfermidade e dos meios de evitar o seu progresso, levava elle mesmo á boca do enfermo o caldo ou o remedio, e com elles a vida envolvida nessas palavras de desvelo paternal, que se infiltravão no coração já entorpecido pela algidez da morte, e o acordavão da lethargia dos tumulos para abençoar e agradecer essa visita consoladora que a Providencia lhes enviára. Ao exemplo do Imperador todo o mundo quer ser enfermeiro, e ninguem pede recompensa do seu trabalho; os medicos e pharmaceuticos inventão formulas; os soccorros hygienicos e de todo genero abundão por toda a parte, e a mortalidade cessa em todo o Imperio.
Sempre desvelado e perseverante em conhecer por si mesmo das necessidades de seus subditos, e em estudar os meios de felicita-los e engrandecer o paiz, o Sr. D. Pedro II em 1859 viajou as provincias do Norte até á Parabyba; e durante essas viagens reproduzirão-se os episodios mais brilhantes que podem ornar a vida de um rei philosopho e cidadão. Clemente, benigno e esmoler, por toda a parte por onde passa leva comsigo as bençãos e o coração do povo ; na hora da privação esquece-se de si, e só se lembra daquelles que o cercão ; não se póde ver accommodado e um pobre servidor exposto ao frio e ao relento, a sua philosophia religiosa e a bondade de seu magnanimo coração não podem supportar isso, que para elle é uma injustiça atroz, e fazem-o repartir com o seu subdito a estreita cama onde repousa; qual Alexandre, priva-se de matar a sêde desde que a agua não chega para todos os que o acompanhão ; e, se se trata de atravessar um perigo, e lhe querem embargar o passo, elle insiste dando em resposta como unica desculpa da sua relutancia: « E vós não passastes?» E’ assim que o Sr. D. Pedro II tem conquistado palmo a palmo o amor e veneração de seus povos.
Como Brazileiro, sentia profundamente o abuso que certos estrangeiros fazem dessa hospitalidade e cavalheirismo com que o Brazil se tem distinguido, prestando-se sempre com lealdade e franqueza a agazalhar os seus hospedes e a concorrer até com sacrificio para a manutenção de relações amigas não só das vizinhas, como das outras nações, e como chefe do Estado lamentava o embaraço que as Camaras e certos Ministros oppunhão á creação dos meios de elevar o Imperio á attitude de repellir qualquer affronta porventura dirigida á soberania nacional por essa força abusiva com que as nações poderosas em nome do direito e da liberdade impoem e esmagão com o poder dos seus canhões os direitos e liberdade das nações fracas, quando em Janeiro de 1863 o Ministro Inglez Christie, sob o pretexto de suppostos assassinatos, roubos e insultos feitos em subditos Bretões, em nome da omnipotente Albion manda o Almirante Warren cruzar nos portos do Brazil, e fazer represalias em propriedade brazileira.
A injustiça deste insulto atirado na face de uma nação amiga e tolerante offende profundamente os seus brios, e levanta tempestuosamente a onda do patriotismo cho-