Um dos rapazes de Torteval arriscou esta observação:
— Não são almas do outro mundo, são fantasmas.
— Que é aquillo que pende alli á janella? perguntou o outro.
— Parece uma corda.
— É uma serpente.
— É corda de enforcado, disse o francez com autoridade. Serve-lhes. Mas eu não creio.
E mais em tres pulos que em tres passos, o francez estava ao pé da parede da casa. Havia febre naquelle atrevimento.
Os outros, tremulos, imitaram-n’o, e foram collocar-se ao pé delle, encostando-se um á direita, outro á esquerda. Os rapazes applicaram o ouvido á parede. Continuava-se a fallar dentro de casa.
Eis o que diziam os phantasmas:[1]
— Assim pois, está entendido?
— Entendido.
— Dito?
— Dito.
— Aqui esperará nm homem e partirá depois para a America com Blasquito?
— Pagando.
— Pagando.
— Blasquito tomará o homem na barca.
— Sem indagar de que terra elle é?
— Não temos nada com isso.
— Sem lhe perguntar o nome?
— Não se pede o nome, pede-se a bolsa.
— Bem. O homem esperará nesta casa.
- ↑ No original este dialogo em hespanhol.