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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/232

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Começou o ruido dos remos. Rantaine acabou de pular na barcaça, e esta tomava o largo.

Quando Rantaine achou-se na barca, indo-se já afastando dos rochedos, levantou-se bruscamente, a face tornou-se-lhe monstruosa; mostrou o punho e gritou:

— Ah! o proprio diabo é um canalha!

Instantes depois, Clubin do alto das rochas, e fixando o oculo na barcaça, ouvio distinctamente estas palavras, articuladas por uma voz grossa, meio do rumor do mar:

— O Sr. Clubin é um homem honrado, mas consinta que eu escreva a Lethierry para participar-lhe o facto, e aqui vai nesta barcaça um marinheiro de Guernesey que é da equipagem do Tamaulipas, que se chama Ahier Tortevin, o que ha de voltar a Saint-Malo, na proxima viagem de Zuela, e que será testemunha de que eu lhe entreguei para mess Lethierry a somma de tres mil libras esterlinas.

Era a voz de Rantaine.

Clubin era o homem das cousas bem feitas. Immovel como estivera o guarda-costa, e no mesmo lugar, com o oculo no olho, não perdeu de vista a barcaça. Vio diminuir-se os remos, desapparecer, reapparecer, approximar-se a barcaça do navio; e pôde reconhecer a alta corpulencia de Rantaine no tombadilho do Tamaulipas.

Quando a barcaça foi içada, o Tamaulipas entrou a preparar-se. A brisa soprava de terra, o navio abrio as velas todas, o oculo de Clubin continuava fixo no lineamento cada vez mais simplificado, e, meia hora depois o Tamaulipas era apenas um ponto negro que ia a diminuir-se, a diminuir-se, a diminuir-se no céo amarello do crepusculo.