tempo; o nevoeiro parece-se com a gota de óleo. A bruma alargava-se insensivelmente. O vento soprava-a sem pressa e sem rumor. A pouco e pouco ia elle apoderando-se do oceano. Vinha de nordeste e o navio estava com ella pela prôa. Era um vasto penedio movediço e vago. Cortava-se no mar como se fosse uma muralha. Havia um ponto preciso em que a agua immensa entrava por baixo do nevoeiro e desapparecia.
Este ponto de entrada no nevoeiro estava ainda a meia legua de distancia. Se o vento mudasse, podia-se evitar a immersão na bruma; mas era preciso que mudasse logo. A meia legua de intervallo enchia-se e diminuia a olhos vistos; a Durande caminhava, o nevoeiro tambem. O nevoeiro ia para o navio, o navio para o nevoeiro.
Clubin mandou augmentar o vapor e obliquar a leste.
Deste modo costeou-se algum tempo o nevoeiro, mas elle avançava sempre. Todavia o navio continuava a andar em pleno sol.
Perdia-se o tempo naquellas manobras que difficilmente podiam dar bom resultado. Anoitece cedo em Fevereiro.
O guernesiano comtemplava a bruma. Disse aos maloenses:
— É atrevido este nevoeiro.
— Desaceio do mar, observou um dos maloenses.
O outro accrescentou:
— Isto atraza a viagem.
O guernesiano aproximou-se de Clubin.
— Capitão Clubin, receio que sejamos envolvidos pelo nevoeiro.