do mar. Tudo eram vestigios de raiva. As torções estranhas de certos ferros, indicavam a acção impectuosa dos ventos. O convéz assemelhava-se á célula de um louco; tudo estava despedaçado.
Nenhum animal estrangula uma pedra como o mar. A agua regorgita das garras. O vento morde, o mar devora, a vaga é um queixo. É um sacar e um esmigalhar ao mesmo tempo. O oceano tem um golpe igual á pata do leão.
O descalabro da Durande apresentava esta particularidade: era minucioso. Era uma especie de terrivel descascamento. Muitas cousas pareciam feitas de proposito. Que maldade! podia dizer-se. As fracturas das amuradas eram feitas com arte. Este genero de destruição é proprio do cyclone. Retalhar e adelgaçar tal é o capricho desse desvastador enorme. O cyclone usa das averiguações do carrasco. Os seus desastres parecem supplicios. Dissera-se que algum rancor o anima; é requintado como um selvagem. Disseca examinando. Tortura o naufragio, vinga-se, diverte-se; é mesquinhamente cruel.
Raros são os cyclones em nossos climas, e tanto mais terriveis quanto que são inesperados. Um rochedo encontrado póde fazer andar á roda a tempestade. É provavel que a borrasca tivesse feito espiral sobre as Douvres, voltando-se subitamente em tromba ao choque do escolho, o que esplicava o salto do navio a tamanha altura naquellas rochas. Quando o cyclone sopra, um navio peza tanto como a pedra de uma funda.
A Durande tinha a chaga que fica ao homem cortado pelo meio; era um tronco aberto deixando ver