Depois tornava a dormir, e sonhando então, achava-se na casa delle, na de Lethierry, em Saint-Sampson; ouvia cantar Deruchette; estava no real. Emquanto dormia acreditava estar acordado e viver; quando acordava, pensava dormir.
Com effeito, era um sonho aquillo.
Lá pelo meio da noite, ouvio-se um vasto rumor no céo. Gilliatt teve confusamente consciencia disso atravez do somno. Era provavel que fosse o vento.
De uma vez que elle acordou, com um estremecimento de frio, abrio as palpebras mais do que ate então. Havia largas nuvens no zenith; a lua fugia e uma grande estrella ia atraz della.
Gilliatt tinha o espirito cheio da diffusão dos sonhos, e esse crescimento do sonho complicava as medonhas paisagens da noite.
De madrugada estava gelado e dormia profundamente.
A aurora tirou-o daquelle somno talvez perigoso. A alcova de Gilliatt estava em frente ao sol nascente. Gilliatt bocejou, espreguiçou-se, e levantou-se do buraco.
Dormiria tão bem que não comprehendeu nada.
A pouco e pouco foi-lhe voltando o sentimento da realidade, e elle exclamou: Almocemos!
O tempo estava calmo, o céo estava frio e sereno, não havia nuvens, a vassoura da noite limpára o horisonte, o sol levanta-se bem. Era um segundo dia bonito que começava. Gilliatt sentio-se alegre.
Tirou a japona, envolveu-a na pelle de carneiro, atou tudo, e metteu o embrulho no fundo do buraco ao abrigo de alguma chuva eventual.
Depois fez a cama, isto é, poz fóra os seixos agudos.