Feita a cama, deixou-se rolar ao longo da corda sobre o tombadilho da Durande, e correu para o nicho onde puzera o cesto de provisões.
Não achou o cesto; como estava muito á beira, o vento da noite atirou-o ao mar.
Isto annunciava uma intenção de luta.
Era preciso que houvesse no vento uma certa vontade e malicia para ir buscar o cesto.
Era um começo de hostilidades. Gilliatt comprehendeu isso.
É difficil, quando se vive em familiaridade com o mar não vêr no vento e nas rochas creaturas e personagens.
Só restava a Gilliatt, além do biscouto e da farinha de centeio, o recurso das conchas com que se alimentou o naufrago morto de fome no rochedo Homem.
A pesca era impossivel. O peixe, inimigo dos choques, evita os escolhos; as redes perdem o seu tempo nos recifes; as pontas da rocha só servem para rasgar as redes.
Gilliatt almoçou alguns mariscos que arrancou da pedra com difficuldade escapando-se-lhe de quebrar a faca; feito este guapo lunch ouvio um estranho tumulto no mar. Olhou.
Era o bando de goelanos e gaivotas que cahia sobre uma das rochas baixas, batendo as azas, empurrando-se, gritando. Formigavam no mesmo ponto. Aquella horda de bicos e unhas saqueava alguma cousa.
Essa cousa era o cesto de Gilliatt.
O cesto lançado sobre um banco pelo vento, rasgou-se. Os passaros correram logo. Levaram no bico toda a especie de pedaços de comida. Gilliatt reconheceu de longe a sua carne fumada e o seu stockfisch.