despedaçadas. Os seus compartimentos são inextrincaveis; isto é só para os passaros; aquillo é só para os peixes. Não se passa. A figura architectural transforma-se, desconcerta-se, affirma e nega a estatica, quebra-se, detem-se, começa em archivolta, acaba em architrave; seixo sobre seixo. Encelado é o pedreiro. Uma dynamica extraordinaria ostenta alli os seus problemas resolvidos. Terriveis abobadas pendentes ameaçam cahir, mas não cahem. Ninguem sabe como se seguram estes edificios vertiginosos. Declives, lacunas, suspensões insensatas; desconhece-se a lei desse babelismo. O Ignoto, immenso architecto, nada calcula e tudo consegue; os rochedos, construidos confusamente, compõem um monumento monstro; nenhuma logica, um vasto equilibrio. É mais do que a solidez, é a eternidade. É a desordem ao mesmo tempo. O tumulto da vaga parece ter passado no granito. Um escolho é a tempestade petrificada. Nada mais impressivel para o espirito do que essa medonha architectura, sempre esboroante, sempre de pé. Tudo alli se ajuda e se contraria. É um combate de linhas donde resulta um edificio. Reconhece-se a collaboração dessas duas querellas, o oceano e o furacão.
Architectura que tem terriveis obras primas. O escolho Douvres era uma dellas.
Esse foi construido e aperfeiçoado pelo mar com um amor formidavel. Lambia-o a agua rabugenta. Era hediondo, perfido, obscuro; cheio de cavas.
Tinha um systema de veias que eram fendas submarinas, ramificando-se em profundezas insondaveis. Muitos orificios desse rasgão inextrincavel ficavam a secco nas vasantes.