e como que para espiar o terror universal aquelle circulo azul que os velhos marinheiros hespanhóes chamavam o olho da tempestade, el ojo de la tempestad. Esse olho lugubre fitava Gilliatt.
Gilliatt de seu lado contemplava a nuvem. Levantou a cabeça. Dava uma machadada e levantava-se altivo. Estava, ou parecia estar demasiado perdido, para que não tivesse orgulho. Desesperava? Não. Ante o supremo accesso de raiva do oceano, Gilliatt era tão prudente quanto audaz. Em cima do casco, só pisava o ponto solido. Arriscava-se e preservava-se. Tambem elle chegára ao paroxismo. Decuplou-se-lhe o vigor. Estava desvairado de intrepidez. Os golpes de machado soavam como desafios. Parecia ter ganho o que tinha perdido a tempesdade. Conflicto pathetico. De um lado o inesgotavel, do outro o infatigavel. Estavam a ver qual dos dous venceria. As nuvens terriveis modelavam na immensidade mascaras de gorgonas, produzia-se toda a intimidação possivel, a chuva surgia das vagas, a espuma tombava das nuvens, curvavam-se os fantasmas dos ventos, faces de meteóro avermelhavam-se e eclypsavam-se, e a obscuridade, apoz tantos desmaios, era monstruosa; havia um só derramamento, vindo por todos os lados ao mesmo tempo; tudo era ebulição; a sombra em massa transbordava; cumulus carregados de graniso, esfarelados, côr de cinza, pareciam andar num frenezim giratorio, havia no ar um rumor de grãos seccos, sacudidos n’uma peneira, as eletricidades inversas observadas por Volta faziam de nuvem em nuvem os fulminantes disparos, os prolongamentos do raio