Página:Os trabalhadores do mar.djvu/668

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Affastou-se, não para o lado de terra, mas para o lado do mar.

Atravessou diagonalmente o jardim, pelo lado mais curto, pisando os canteiros, mas tendo cuidado de poupar os seakales que plantara por serem do gosto de Deruchette.

Galgou o parapeito e desceu aos arrecifes.

Continuou a andar, indo sempre para a frente, pela longa e estreita linha de cachopos que ligava a casa delle áquelle grande obelisco de granito de pé, no meio do mar, que se chamava Corne de la Bête. Era alli que ficava a cadeira Gild-Holm’Ur.

Passava de um recife a outro como um gigante caminha nos cabeços. Andar em uma crosta de recifes assemelha-se a andar na borda de um telhado.

Uma pescadora de rede que andava com os pés descalços, nos charcos que ficavam proximos, e voltava para a praia, gritou-lhe:—Cuidado. A maré está enchendo.

Gilliatt continuou a andar. Chegando ao grande rochedo da ponta, que formava um pinaculo no mar, parou. Acabava a terra. Era a extremidade do pequeno promontorio.

Olhou.

Ao largo pescavam alguns barcos, com ancoras fóra. Via-se de quando em quando naquelles barcos um gotejar de prata: eram as redes que sahiam d’agua. O Cashmere ainda não estava na altura de Saint-Sampson; desenrolára a mesena. Estava entre Herm e Jethou.

Gilliatt torneou o rochedo. Chegou á beira da cadeira Gild-Holm’Ur, ao pé dessa especie de escada tosca, que, menos de tres mezes antes, Ebeneser descera ajudado por elle.