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Página:Osmîa - tragedia de assumpto portuguez, em cinco actos (1788).pdf/19

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Nos-naõ tivera affeitas ao trabalho,
Houveramos cedido ao duro pezo
Da tua tirannia. Amontoadas
Qual encerrada grei, alli nos deixas
Gaſtar os triſtes dias ocióſos.
Nem ao menos conſentes que o conforte
Alente a triſte Eſpoſa. As mãis ignoraõ
S'inda os filhos reſpirao: qualquer ſoffre
Sobre o mal que ſupporta o dano extremo
Que nos outros reccia. Nada ignoras:
Mas o Heróe dos Romanos naõ ſuffoca
A clemencia no peito. Deos! e ſoffres [1]
Que eſtes Póvos affim ſejaõ tratados!
Eſtes Póvos que ornáraõ tantas vezes
De feſtoens eſſas Aras, onde hum tempo
Das victimas fumava com frequencia
O ſangue a teus furores conſagrado !
Sim (cruel) [2] Eſtes Póvos hum Deos honraõ..
Hum Deos que vingar ſabe. Inda nos reſta
Em Rindaco hum ſocorro... tremer deves.

Lucio.Hum ferino furor tem no ſemblante.

Lelio. Eu te perdo-o, Eledia, taes inſultos:
A tua dôr merece, que os deſculpe.
E já que de cruel me criminaſte,
Aqui meſmo vou dar-te hum teſtemunho
D'inflexiveis naõ ſermos os Romanos,
Eſſas cadeas, Lucio, ſe dezátem [3]
E a teu cargo commeto deſd'agora
Vigiar no bom trato das cativas.
Franco te fica, Eledia, eſte recinto ;
Quanto poſſo te cedo, e tu prudente
Qual a dadiva ſeja conſidéra.

B
Eledia

  1. Volta-ſe para a Anta, e exclama com vehemencia.
  2. Com arrogancia.
  3. Lucio dezata as cadêas, e as conſerva na maõ.