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Página:Osmîa - tragedia de assumpto portuguez, em cinco actos (1788).pdf/26

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Unir-me ás prizioneiras, e com ellas
Correr o damno que lhes coube em forte.

Eledia. Oh! generoſa! oh! digna d'outro fado!

Oſmia. Naõ podendo porém deſcubrir meio
De ſaber do conſorte, em tal aperto
Deſcorri que empregar devia o mesmo
Inimigo da Patria em favor della.
Roguei-lhe pois...

Eledia. Que foſſe procurado
Rindaco pelo campo.

Oſmîa. E como o ſabes?

Eledia. Ha pouco Lelio tinha-me incumbido
Dizer-te que foi Rindaco buſcado ;
Porém de balde!

Oſmía. Ah! que de todo inutil
Eſte traje naõ he. Foi eſte o preço
De te ver, cara Eledia, e de alcançar-te
Por minha companheira em quanto o Fado
Do conſorte animoſo me ſepára.

Eledia. Pois intentaõ que os trajes Luſitanos [1]
Troques por eſſa pompa vergonhoſa?
Ah! Princeza infeliz! devêras antes
Deixar-te perecer ao deſamparo.

Oſmîa. Devêra, Eledia, s'um groſſeiro ſprito
De rigor contra mim ſeu braço armaſſe
Mas outros ſao os malles que me aſſuſtaõ.
Naõ perde o Pretor meio d'obrigar-me;
Porém taes ſaõ os modos, que a prudencia
Mil vezes do que teme s'arrepende.
Naõ he taõ facil, naõ, como tu julgas
Sahir do labyrinto em que me vejo.
Compadeſſe-te, amiga, e nao te affaſtes
De mim hum ſó momento.

Eledia. Mas que riſco

Pó-

  1. Com vehemencia.