Com eſſe horrendo, abominavel golpe,
Eu meſma os farei victimas votadas
Ao furor vingativo dos Romanos.
Ah! reflecte e retrata o que me ordenas.
Rindac. Tenho alcançado, infame! que me offendes...
Que és indigna do ſangue Turdetano:
E pois que aſſim recuſas o vingar-me,
Bem pouco tardará que o mundo ſaiba
Quem eu ſou... quem tu és...
Oſmîa. Aſſáz conhece
A Luſitania toda quem nós fomos.
Sempre Oſmîa incapaz d'uma baxeza
O mundo julgará. Vulgar virtude
Meu peito nao reſpira. Sou eu meſma
Quem ſevéra me julgo. A mim primeiro,
Do que a ti me he preciſo ter contente.
A ti poſſo enganar-te, a mim naõ poſſo.
Guardo o ferro... e eſte ferro (naõ duvídes)
Ha de o Templo da Gloria franquear-me. [1]
Rindac. E's minha Eſpoſa, e baſta: reconheço
A virtude que exaltaõ os Romanos.
Eſcuta pois, Oſmîa, e treme em tanto
D'infringir o preceito que t'imponho,
E do ſegredo as ſantas Leis reſpeita.
Nas floreſtas vizinhas eſcondidos
Tenho de meus Vetoens os mais conſtantes
Generoſos Guerreiros; ſe o reſgate
Me foſſe recuſado, d'improviſp
Sobre o Romano campo ſe lançáraõ,
E o raivoſo furor d'aſpera vingança
Te arrancaria, Oſmîa, de ſeus laços.
Nova cauſa m'impelle a minha affronta
D'uma rouca buzina o ſom medonho,
O furor ſoltará dos emboſcados:
- ↑ Guarda o ferro.