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CAPITULO IV


A MORADA SUBTERRANEA



No outro dia, assim que tia Nastacia acendeu o lampião da sala de jantar, o caso da sombra veio novamente á berlinda. A negra colocou-se entre a luz e a parede e todos puderam ver que sua sombra havia diminuido um bom pedaço mais.

— Veja, sinhá, dizia ela com o beiço pendurado. Estou só com um toco de sombra. Neste andar acabo sem sombra nenhuma e vai ser uma grande desgraça!

Dona Benta pós os oculos e viu que era isso mesmo.

— O visconde, perguntou ela, ainda não descobriu coisa nenhuma?

— Estou na pista, respondeu o pequeno sherlock. Já examinei cuidadosamente o córte e vi que foi feito com tesoura. Ando agora a examinar o fio de todas as tesouras que existem nesta casa. Pela comparação hei de descobrir com que tesoura o "rato" anda cortando esta sombra — e depois...

— E depois o que? perguntou Emilia com carinha de santa.

— Depois, veremos.

Emilia fez um muxoxo e deu uma cuspidinha de lado, de desprezo.

— Vamos! Comece vovó! pediu Narizinho. Estou ansiosa pelo resto da historia.

Dona Benta sentou-se na sua cadeira de pernas serradas e começou :

— Pois muito que bem. Os meninos voltaram daquela grande aventura no Lago das Sereias com alguns arranhões, que Wendy tratou de curar como pôde, com um otimo unguento "faz de conta". Todos sararam e a