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PETER PAN

Subito, ouviu-se um assobio agudo. Era o sinal de Peter Pan. De longe já ele anunciava a sua chegada com aquele assobio agudissimo. Pantera Branca foi ao seu encontro, enquanto os meninos subiam ás arvores para vê-lo chegar.

Cada vez que Peter Pan vinha duma das suas excursões, era uma festa entre a meninada. Como bom pai, ele sempre trazia novidades gostosas nos bolsos — frutas do mato, doces, mil coisas. Os meninos o rodeavam como ratos rodeiam um saco de milho, e cada qual ia enfiando as mãos nos seus bolsos para pescar o que saisse.

Peter Pan entrou na caverna e dirigiu-se para o lado de Wendy, naquele momento ocupada em remendar umas meias de Levemente-Estragado. Estava linda no seu vestido côr de outono, com um galhinho de amora do mato nos cabelos.

Peter Pan contou as novidades de lá fóra e pediu noticia de tudo quanto havia acontecido na caverna, durante a sua ausencia. Depois cantou uma cantiga que Wendy achava a coisa mais linda do mundo — mas só quando cantada por ele. Se outro qualquer a cantava, perdia completamente a graça.

Enquanto Peter Pan cantava, os meninos brincavam de guerra. As armas eram os travesseiros e o campo de batalha era a cama grande. O resultado da luta foi o mesmo de sempre: penas por toda a parte (os travesseiros eram de pena) e um trabalhão para Wendy no dia seguinte.