Página:Peter Pan (Lobato, 1935).pdf/94

Wikisource, a biblioteca livre
PETER PAN
99

— E a senhora Darling? quis saber a menina.

— A senhora Darling andava inconsolavel. Já se haviam passado varias semanas e os meninos nada de darem sinal de si. Os jornais trouxeram artigos sobre o curioso acontecimento e publicaram o retrato dos tres, com promessa duma boa recompensa para quem lhes indicasse o paradeiro. Tudo inutil.

Certa tarde a infeliz senhora estava ao pé da lareira, muito triste e desanimada, pensando nos filhos perdidos dum modo tão misterioso, quando ouviu um rumor de vôo na rua — um rumor que não era de vôo de coruja, nem de zeppelin. Parecia vôo humano. Mas não deu importancia áquilo e continuou na sua tristeza. Logo depois ouviu uma voz no quarto das crianças, que dizia : Mamãe !

— "Que será isto, Deus do ceu? exclamou ela. Estarei sonhando?

Levantou-se precipitadamente e correu ao quarto... e viu os tres meninos nas suas caminhas, exatamente como outróra. Certa de que era sonho, esfregou os olhos com toda a força. Olhou outra vez. Lá continuavam eles. Não era sonho, não! Os seus tres filhinhos em carne e osso ali estavam novamente...

Ninguem pode descrever a felicidade da boa mãe. Abraçava um, beijava outro, chorava, ria. Uma perfeita doida. Levou tempo assim e só sossegou quando Wendy pôs-se a contar tudo quanto havia acontecido na maravilhosa Terra do Nunca, e a feiura e ruindade do Capitão Gancho, e a valentia de Peter Pan, e o amor que os meninos perdidos tinham por ela.

— "E onde estão esses meninos? perguntou a senhora Darling.

— "Ai na rua, perto da janela.

A boa senhora os fez entrar e sabendo que não tinham mãe declarou que dali por diante ela viraria a mãe de