Viver, sem illusões, no bem como no mal;
Não conhecer o amor que morde, que se nutre
Do nosso sangue, o amor funesto, o amor abutre;
Não beber gotta a gotta este brando veneno
Que requeima e destróe; não ver em mar sereno
Subitamente erguer-se a voz dos aquilões.
Afortunado és tu.
LYSIAS.
Lei de compensações!
Sou philosopho mau, ridiculo pedante,
Mas inveja-me a sorte; oh! logica de amante.
CLEON.
É a do coração.
LYSIAS.
Terrível mestre!
CLEON.
Ensina
Dos seres immortaes a transfusão divina!
LYSIAS.
A lição é profunda e escapa ao meu saber;
Outra escola professo, a escola do prazer!
CLEON.
Tu não tens coração.
LYSIAS.
Tenho, mas não me illudo.