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Vicente de Carvalho
II
 

Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados
Hão de á força escutar quanto eu sustente.

Quero que meu amor se te aprezente
— Não andrajozo e mendigando agrados,
Mas tal como é: rizonho e sem cuidados.
Muito de altivo, um tanto de insolente.

Nem ele mais a dezejar se atreve
Do que merece: eu te amo, e o meu dezejo
Apenas cobra um bem que se me deve.

Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
Á galharda conquista do teu beijo.