Página:Poesias (Bernardo Guimarães, 1865).djvu/44

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Salve, ó anjo ! — minha alma te sauda,
Minha alma que, a teu sopro despertada,
Murmura, qual vergel harmonioso
Pelas brizas celestes embalado......

     Salve, ó genio dos desertos,
     Grande voz da solidão,
     Salve, ó tu, que aos céos exalças
     O hymno da creação!

     Sobre nuvem de perfumes
     Te deslisas sonoroso,
     E o rumor de tuas azas
     E’ hymno melodioso.

     Que celeste cherubim
     Te deu essa harpa sublime,
     Que em variados accentos
     As dulias dos céos exprime?

     Harpa immensa de mil cordas
     D’onde em caudal, pura enchente,
     Estão suaves harmonias
     Transbordando eternamente?!