Página:Poesias Completas (Machado de Assis).pdf/362

Wikisource, a biblioteca livre

Ao pomposo jardim das lacias flôres
Esta rosa de Pœstum. Chega; é ella,
É ella, a amavel dona. O céu ostenta
A larga face azul, que o sol no occaso
Co’os frouxos raios desmaiado tinge.
Terno e brando abre o mar o espumeo seio;
Molles respiram virações do golpho.
Clodia chega. Tremei, moças amadas;
Ovelhinhas dos placidos idylios,
Roma vos manda esta faminta loba.
Prendei, prendei com vínculos de ferro,
Os voluveis amantes, que os não veja
Esta formosa Páris. Inventai-lhes
Um philtro protector, um philtro ardente,
Que o fogo leve aos corações rendidos,
E aos vossos pés eternamente os prenda;
Clodia... Mas, quem pudera, a frio e a salvo,
Um requebro affrontar daquelles olhos
Ver-lhe o turgido seio, as mãos, o talhe,
O andar, a voz, ficar marmore frio
Ante as supplices graças? Menor pasmo
Fôra, se ao gladiador, em pleno circo,
A panthera africana os pés lambesse,
Ou se, á cauda de indomito cavallo,
Ovantes hostes arrastassem Cesar.

Coroados de rosas os convivas
Entram. Trajam com graça vestes novas
Tafues de Italia, finos e galhardos
Patricios da republica expirante,
E madamas faceiras. Vem entre elles