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Dialogo entre o Poeta, e o Tejo.


Poeta.

   Tejo, que tens, estás quedo?
Não banhas hoje esta praia?
De que o teu valor desmaia?

Tejo.

   Eu t’o digo, mas segredo:
Confesso que tenho medo
Do teu ranchinho infernal.

Poeta.

   O teu susto é natural,
Parecem tres furiasinhas;
Mas comtudo são mansinhas,
Não mordem, nem fazem mal.




   São uns cornos mui bem feitos,
Uns cornos mui delicados,
São cornos, que torneados
Se podem trazer aos peitos:
Cornos que sobem direitos,
Pela sua varonia,
E sem mais chronologia
Tem gravados na armadura
Os timbres da fidalguia.