Do throno excelso nos degraus sagrados
D′Assiz o patriarcha ajoelhára:
E consta que d′esta arte se queixára
Ao Deus, que rege o céo e move os fados:
«Grande Deus, com que pejo relaxados
«Vejo os filhos, que outr′ora abençoára!
«Já entre elles o vicio se descara,
«Já de Christo não são, da fé soldados!
«Eu te rogo, senhor, que aos loucos brades,
«E lhe avives a fé no paraiso?...»
Riu-se de Deus, e lhe disse: — Não te enfades:
—Frades não fiz, de frades não preciso;
Quando o mundo souber o que são frades,
Ha de extinguil-os, se tiver juizo.
Encontrei certo Leigo franciscano,
Com os olhos no chão, pedindo esmola;
Dos hombros lhe pendia alva sacola,
Celeiro, que dá pão p′ra todo o anno:
Queria o leigo armar-me um bello engano,
E fazer-me cahir na carriola;
Mas eu que sigo esta moderna escóla,
Só chicóte daria ao tal magano: