Saltar para o conteúdo

Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/214

Wikisource, a biblioteca livre
210
notas

Como é possivel que a nação contente
Mantenha ufana, e liberal soccorra
A tão inútil e ociosa gente?

Elles tem que comer á tripa-forra;
Eu, por mais que trabalhe, ando indigente.
Se o torno a encontrar, dou-lhe co′a porra!




Christo morreu ha mil e tantos annos;
Foi descido da cruz, logo enterrado;
E ainda assim de pedir não tem cessado
Para o sepulchro d′elle os franciscanos!

Tornou a resurgir d′entre os humanos;
Subiu da terra ao céo, lá está sentado;
E á saúde d′elle sepultado
Comem á nossa custa estes maganos:

Cuidam os que lhes dão a sua esmola
Que ella se gasta na funcção mais pia...
Quanto vos enganais, oh gente tola!

O altar mór com dous côtos se allumia:
E o fradinho co′a puta, que o consola.
Gasta de noute o que lhe daes de dia.