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a manteigui
XII


«Ha quem fuja de carne, ha quem não morra
Por tão bello e dulcissimo trabalho?
Ha quem tenha outra idéa, ha quem discorra
Em cousa, que não seja de mangalho?
Tudo entre as mãos se converta em porra,
Quanto vejo transforme-se em caralho:
Porra, e mais porra no verão, e no inverno.
Porra até nas profundas do inferno!...

XIII


«Mette mais, mette mais (ia dizendo
A marafona, ao bruto, que suava,
E convulso fazia estrondo horrendo
Pelo rustico som com que fungava:)
Mette mais, mette mais que estou morrendo!...
«Mim não tem mais!» O negro lhe tornava;
E triste exclama a bebeda fodida:
«Não ha gosto perfeito n′esta vida!»

XIV


N′este comenos o cornaz marido,
O bode racional, veado humano,
Entrava pela camara atrevido
Como se entrasse n′um logar profano:
Mas vendo o preto em jogos de Cupido,
Eis sahe logo, dizendo: «Arre, magano!
Na minha cama! Estou como uma braza!
Mas, bagatella, tudo fica em casa.»