Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/36

Wikisource, a biblioteca livre
32
a empreza

Com cheiro de alfazema; a cama fôfa,
Tudo em fim era amor, tudo arreitava.
Entro a beijar-lhe as mãos feitas de neve,
Descubro-lhe com geito o tenro peito,
Que ancioso palpita, que resiste.
Que não murcha ao tocar-se; oh quanto é bella!
No seio virginal, onde dois globos
Mais brancos do que jaspe estão firmados,
Ancioso beijando-os, pouco a pouco
Se fizeram tão rijos que mal pude
Comprimil-os c′os beiços; n′este tempo
Pelo fundo da saia subtilmente
Lhe introduzi a mão, com que esfregava
O pentelho em redondo, o mais hirsuto
Que atéli encontrei; e como a crica
Vertido tinha já pingas ardentes,
Certos signaes, que os fervidos prazeres
Dentro n′alma de Nise á lucta andavam.
Tal fogo em mim senti, que de improviso
Sem nada lhe dizer me fui despindo,
Té ficar nu em pello, e o membro feito,
Na cama m′encaixei, qu′a um lado estava.
Nise, cheia de susto, e casto pejo,
De receio, e luxuria combatida,
Junto a mim se assentou, sem resolver-se.

Eu mesmo a fui despindo, e fui tirando
Quanto cubria seu airoso corpo.
Era feito de neve: os hombros altos,
O colo branco, o cu roliço e grosso;
A barriga espaçosa, o cono estreito,