Entrega-te depois aos teus transportes,
Os oppressos desejos desafoga.
Mata o pejo importuno; incita, incita
O que, só de prazer merece o nome.
Verás como, envolvendo-se as vontades,
Gostos eguaes se dão, e se recebem:
Do jubilo hade a força amortecer-te,
Do jubilo hade a força aviventar-te.
Sentirás suspirar, morrer o amante,
Com os seus confundir os teus suspiros,
Has de morrer, e reviver com elle.
De tão alta ventura, ah! não te prives,
Ah! não prives, insana, a quem te adora.»
Eis o que has de escutar, oh doce amada,
Se á voz do coração não fores surda.
De tuas perfeições enfeitiçado
Ás preces, que te envia, eu uno as minhas.
Ah! Faze-me ditoso, e sê ditosa.
Amar é um dever, além de um gosto,
Uma necessidade, não um crime,
Qual a impostura horrisona apregôa.
Céos não existem, não existe inferno,
O premio da virtude é a virtude,
É castigo do vicio o proprio vicio.
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