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alzira a olinda
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Agora os exp′rimentas, crês agora
O que falso julgaras, verdadeiro!...
A Natureza em ti o germen lança,
Que a ajudal-a te incita: Amor te inflamma,
Porque sensivel és; e bem que hesites
Sobre o objecto, que deve contentar-te,
Ella t′o mostrará em tempo breve.
Não te assustem do seu dominio as forças,
Porque do jugo seu o pezo é leve.
Não mais soffres férvidos desejos,
Que o coração te ancêam, e bem podem
A languidez eterna victimar-te,
Se de amor o remedio os não sacia.

Attenta sobre mil louçãos mancebos,
Cheios de encantos: olha-os indulgente,
E d′entre elles escolhe um, cujo peito
Tão docil como o teu seja formado.
Olinda, ama; conhece que delicias
Amor encerra, amor, alma de tudo;
Amor, que tudo alenta, e que só causa
Os gostos de uma vida abreviada.
Se contra amor dictames escutaste,
Que seus effeitos pintam horrorosos.
Não dês credito a maximas fingidas,
Que a lingua exprime, e o coração reprova:
Que mal provém aos homens, de que unidos
Dous amantes se jurem fé, constancia?
Que um ao outro se entreguem, e obedeçam
Da Natureza ás impressões sagradas?
Rouba a virtude acaso a paixão doce