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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/95

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olinda a alzira
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Leva após si deleites, que não provam:
Em vez de graças mil, de mil prazeres
Priapeo tropel impios incensam.
Dá-me tedio a lição de escriptos torpes,
Onde o prazer fugaz, lassos os membros,
Sob mil fórmas em vão se perpetua
Lassos membros, lassos os sentidos,
Debalde esgotam, soffregos de gostos,
De impudicicia innumeraveis gestos.
Morre a chamma, que amor mutuo não sopra;
Como é vil a expressão, e é vil o goso
Que uma Theresa, que outras taes francezas
Em impuros bordeis gabar-se ufanam!

Foi-me preciso, Alzira, usar do imperio
Que a um fraco sexo deleitosos modos,
Fagueiros, ternos, emprestar costumam,
Para do amante meu obter a custo
De obscenas producções o sacrificio.
Que o coração corrompem, e devassam
Puros desejos, sentimentos doces.
Mostrei-lhe que o prazer esmorecia
De amavel illusão sem os preludios;
E que, apesar dos seus vivos protestos,
Se os sentidos assaz lisonjeava,
Mil emoções gostosas embotando,
Impellido a gosar continuamente,
Escravo do prazer na sua amante
Não fartaria hydropicos desejos:
Ardentes Messalinas buscaria,
Entre os braços das quaes mais fácil era