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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/94

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olinda a alzira

Dá lenitivo ao mal, que ss exp′rimenta,
Sobre-eleva o prazer á extrema dita,
Quando de o confiar redunda interesse.
Eia, querida! annue aos meus desejos,
Rouba um instante a amor, dá-o á amizade.



EPISTOLA VII
OLINDA A ALZIRA


Tu não pódes saber, querida Alzira,
Com que alegria as cobiçadas letras
Da tua Olinda foram recebidas!
Não pódes saber, nem eu dizer-t′o.
Que pura locução, que Amor ensina!
Quam diff′rente linguagem da que fallam
Os livros, que me dá o meu Beltino!
N′elles descubro o sensual estylo
Que a modestia revolta, e que não quadra
Às puras sensações, que Amor excita.
Phrase brutal, sem arte e sem melindre,
Qual despejada plebe usar costuma;
N′elles de amor os gostos enxovalha
Mysterioso véo, que arrancar ousam
Com mão profana d′ante o sanctuario
Que amor encerra, e d′onde o deus occulto,
Manda aos mortaes um cento de venturas.
D′elles o numen foge, e por castigo