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Por mãos duras de avós, em monumento
De uma herança de fé, que nos legaram,
A nós seus netos, homens de alto esforço,
Que nos rimos da herança, e que insultamos
A cruz e o templo e a crença de outras eras;
Nós, homens fortes, servos de tyrannos,
Que sabemos tão bem rojar seus ferros
Sem nos queixar, menosprezando a Patria
E a liberdade, e o combater por ella.

Eu não! — eu rujo escravo; eu creio e espero
No Deus das almas generosas, puras,
E os despotas maldigo. — Entendimento
Bronco, lançado em seculo fundido
Na servidão de goso ataviada,
Creio que Deus é Deus e os homens livres!


II.


Oh sim! — rude amador de antigos sonhos,
Irei pedir aos tumulos dos velhos
Religioso enthusiasmo, e canto novo
Hei-de tecer, que os homens do futuro
Entenderão; um canto escarnecido
Pelos filhos dest’ epocha mesquinha,