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De fervorosa crença, a vós que enlucta
A solidão e o dó, venho eu saudar-vos.
A loucura da cruz não morreu toda
Após dezoito seculos! — Quem chore
Do soffrimento o Heroe existe ainda.
Eu chorarei — que as lagrymas são do homem —
Pelo Amigo do povo, assassinado
Por tyrannos, e hypocritas, e turbas
Envilecidas, barbaras, e servas.


V.


Tu, Anjo do Senhor, que accendes o estro;
Que no espaço entre o abysmo e os céus vagueias,
D’onde mergulhas no oceano a vista;
Tu que do trovador á mente arrojas
Quanto ha nos céus esperançoso e bello,
Quanto ha no abysmo tenebroso e triste,
Quanto ha nos mares magestoso e vago,
Hoje te invoco! — oh vem! — lança em minha alma
A harmonia celeste e o fogo e o genio,
Que dêm vida e vigor a um carme pio.