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E do poeta a fronte
Cubriu véu de tristeza:
Calou, á luz do raio,
Seu hymno á natureza.

Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcyone ao gemido,
Ao sibillar do vento.

Era blasphema idéa,
Que triumphava emfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:




— «Cantor, esse queixume
Da nuncia das procellas,
E as nuvens, que te roubam
Myriadas de estrellas,

E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,