entornou na alma de Raquel todo o sentimento de que a sua alma estava cheia, e foi eloqüente, porque foi sincera.
— Sim, disse Raquel, quando ela acabou; compreendo tudo isso que me está dizendo. A senhora sabe amar... E ainda o ama, não?
Lívia calou-se.
— Que lhe custa dizer? insistiu a donzela.
— Custa-me lágrimas. Eu não te poderia explicar nunca este sentimento que me nasceu como erva ruim para me envenenar a existência, e que eu tanto tempo supus que seria a coroa de minha vida... Não te quero enfadar, que são tristezas para isso.
— Mas então ele? aventurou Raquel.
— Não me perguntes mais; afirmo-te só que o amei, que talvez tornasse a amá-lo...
— E que ainda o ama, concluiu a rival.
Lívia esteve calada alguns instantes, procurando ler-lhe no rosto, apesar das sombras da noite, as impressões que lhe iriam na alma.
— Não! já o não amo! disse a viúva com esforço.