quando lhe caiu nos joelhos um papelinho dobrado. Raquel voltou assustada a cabeça para o lado de Lívia, que de pé, junto do piano, tirava notas soltas do teclado, sem olhar para o grupo. Raquel fez ao médico um sinal de silêncio e afastou-se dele. Félix guardou o papel no bolso.
— Quase uma criança! ia ele pensando quando se retirava para casa depois do chá.
Quando ali chegou não se deu ao trabalho de tirar o chapéu. Abriu a carta logo na sala.
Dizia a carta:
"Pela memória de sua mãe, não seja cruel! Lívia ama-o muito. Não a faça morrer, que seria um pecado!"
Félix esfregou os olhos e releu o bilhete.
Não havia negá-lo; a letra era de Raquel e o conteúdo era uma súplica a favor da rival. Não sorria o médico; estava atônito. A verdade, tão inverossímil desta vez, metia-se-lhe pelos olhos, singela, eloqüente, espontânea. Espontânea seria? Félix fez essa pergunta a si mesmo, e afirmativamente lhe respondeu; não atribuía à viúva tamanha