quando eras indiferente ao meu afeto, quando o negavas, quando me pagavas com o desdém. Por que te não amaria agora que és todo meu... todo, não?
— Duvidas?
— Eu não sei duvidar; recear, sim. Já te disse por que razão. Mas hoje não receio, não; sinto que sou verdadeiramente amada. Quaisquer que fossem as minhas queixas, eu tudo te perdoaria agora, que me abres a porta do Céu.
— Oh! tu és um anjo!
— Adeus!
— Adeus! Amas-me muito, não?
— Muito!
E um beijo casto, longo, quase divino, selou esta confissão tantas vezes repetida entre eles. Depois apertaram as mãos, e Félix saiu.
A rua estava deserta, o silêncio era profundo. Félix entrou em casa exaltado e alegre. Não tinha sono; recorreu aos livros, mas não lhe aproveitou o recurso, porque se os olhos corriam no papel, o espírito estava ausente, no tempo e no espaço: buscava a amada e planeava futuros.
Com a fadiga veio o sono. Félix adormeceu nos braços dos anjos.