— Por que motivo? perguntou Félix.
— É justamente o que eu desejara saber, disse Viana com um gesto de mal contido despeito; mas estou certo de que o não saberei jamais. Aquela minha irmã não me parece ter a cabeça no seu lugar.
— Alguma razão haveria. Estará doente?
— Está de perfeita saúde.
— Quem sabe se.... algum namoro?
— Já pensei nisso, disse Viana; pode ser algum namoro.
— Naquela idade as paixões são soberanas. Seria inútil querer dissuadi-la, e ainda que não fosse inútil, seria desarrazoado, porque uma viúva moça... Ela amava muito o marido, não?
— Antes de casar, muito; três meses depois, muitíssimo; ao cabo de alguns meses, nem muito nem pouco. Toda essa história é mistério para mim...
— Não lhe vejo mistério nenhum; o casamento é justamente isso; acalma os afetos para os tornar mais duradouros. Se a paixão de sua irmã se tornou mais calma...
— Não se trata disso. Lívia não amava menos; aborrecia o marido... Mas por que nos demoraremos nestas coisas que não podemos explicar?