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Página:Revista do Brasil, 1921, anno VI, v XVI, n 62.pdf/36

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REVISTA DO BRASIL

creanças e fiquei encantada! Cada uma no seu bercinho de cera, de braços cruzados, todas muito brancas, dormindo um somno gostoso!... Eu o que admiro é como as abelhas aproveitam o espaço, economisam a cera e fazem tudo de geito que a colmeia anda que é um relogio. Ah! se entre os homens fosse assim... Aqui não ha nem pobres nem ricos. Não se vê um aleijado, um cego, um tisico. Todos trabalham e vivem fartos e contentes.

— E quem governa? A rainha?

— Qual o que! A rainha o que faz é pôr ovos. Queres vêr? Vamos indagar d'aquella abelhinha que alli vem.

Emilia chamou-a:

— Faça o favor, dona Abelha... Aqui a princeza estava querendo saber quem é que governa a colmeia. E' a rainha?

— Não, respondeu a abelha. Nós não temos governo porque nós não precisamos de governo. Cada qual já nasce sabendo as obrigações e não é preciso que ninguem esteja a lembral-as. Isso de governo é bom para os homens, que são os bichos mais desastrados da terra, não acha?

Narizinho pensou um pouco e viu que era isso mesmo.

A abelhinha continuou.

— De manhã sahimos todas, cada qual para o seu lado, afim de colher o mel ou o pollen das flores. Feito isto, voltamos e depositamos o mel nos favos. Se ha algum concerto a fazer, qualquer de nós o faz, sem ser preciso ordens. Se a menina passasse uns tempos aqui, havia de gostar tanto que depois não se acostumaria mais no horrivel Reino dos Homens...

— Mas a Rainha? exclamou Lucia. Eu queria vêr a Rainha. Deve ser linda!...

A abelha disse:

— Pensa a menina que a Rainha é alguma senhora emproada como as rainhas dos homens? Nem rainha é — os homens é que a chamam assim. Para nós ella não passa de mãe. Todas somos filhinhas della e vivemos sempre a rodeal-a de commo-