didades e carinhos, sem lhe dar nunca o menor desgosto. Olhe, menina, vocês lá na terra falam muito em felicidade, mas fique certa de uma cousa: felicidade, só aqui...
Narizinho e Emilia ficaram tristes. Que pena não ser possivel transformarem-se em abelhas, e viverem alli, occupadas toda a vida num trabalho tão lindo como esse de colher o mel das flores.
— O que mais admiro, disse a menina á abelha, é não haver doenças aqui. Vejo todas tão fortes e sadias... Ninguem tósse, ninguem escarra, ninguem é surdo ou cego ou perneta...
— E' verdade. Não sabemos o que seja doença, graças á hygiene da nossa vida.
— Quer dizer que medico e boticario, cá na colmeia, morreriam de fome...
— Pois decerto. O doutor Caramujo andou com vontade de vir clinicar entre nós. Chegou, mesmo, a abrir consultorio. Pois durante um anno só teve um doente: um pobre besouro que pede esmola ahi na rua. Abelha, nenhuma!...
— E que remedio deu elle ao besouro?
— Deu as celebres pilulas do Dr. Serra-Pào, parece-me...
— Então o doutor Caramujo concerta perna quebrada com pilulas?
— Pois é para vêr. Cá para mim este doutor Caramujo não passa dum grande charlatão, que o que sabe é mandar umas continhas de tirar couro e cabello.
— Mas o besouro melhorou?
— Qual o que! Peiorou até. Antes de usar as pilulas, andava com uma muleta só. Depois de usal-as, passou a andar de duas...