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Página:Revista do Brasil, 1921, anno VI, v XVI, n 62.pdf/38

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REVISTA DO BRASIL
A RAINHA



MAS olhe, amiga abelha, quero que nos leve ao quarto da Rainha.

— Pois não. E' por aqui.

Foram-se, e depois de atravessarem varios compartimentos, entraram nos commodos reaes. Lá estava S. Majestade, no throno, conversando com varios zangãos, emproados e orgulhosos.

— Bem-vinda sejas! exclamou a Rainha. Tens gostado dos nossos dominios?

— Muito, Majestade, porque é o mais bem arrumadinho de todos os que eu conheço. Estou encantada!

— O meu reino é assim, explicou a Rainha, porque não é bem um reino, mas uma grande familia, onde a boa mãe-de-todos vive rodeada dos filhos. Já percorreu o palacio inteiro?

— Já, e gostei immensamente de tudo, menos da cara destes senhores zangãos, que me parecem muito emproados...

— E' que me estão a fazer a côrte, afim de que eu escolha um delles para marido. Todos os annos escolho um, e os outros...

— Vão casar com as outras abelhas?

A Rainha riu-se.

— Os outros são liquidados!...

— Quê? exclamou a menina, espantada.

— E' verdade. São liquidados, porque do contrario perturbariam a ordem da familia.

— Vê, Emilia? disse Narizinho á boneca. Inda é peior ser moço bonito aqui do que minhoca lá no quintal...

Nisto ouviu-se um rumor de passos e um trrlin, trrlin de esporas. Voltaram-se todos. Era Tom Mix que vinha entrando.

Tom parou, correu os olhos pela sala, e vendo a menina, dirigiu-se para ella:

— A's ordens de Narizinho Arrebitado!