Página:Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano, Tomo XII (1905-1906).pdf/595

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mundo vos conhece; duas coisas somente vos recommendo, disciplina e união: a disciplina he a origem dos grandes feitos; a união he a fonte de todos os bens, e o vehiculo exclusivo da força dos Estados.»[1]

Terminada esta allocução, em meio de estrepitosas ovações, o Deão, D. Bernardo Luiz Ferreira Portugal, desceu do altar e entregou as bandeiras ao Governador das Armas Domingos Theotonio Jorge, o qual «conjunctamente com os outros membros do Governo, por entre festivos vivas da multidão foi consignar huma a cada hum dos Chefes dos regimentos, que ahi se achavam; e estes, com os Officiaes, e soldados jurarão não as abandonar jamais» Este espectaculo da benção e entrega das novas bandeiras deve ter sido realmente tão pittoresco quão emocionante, e a sua perpetuação, em uma grande téla historica, é assumpto dos mais dignos de tentar o pincel de um artista nacional, sobretudo considerada a abundancia da documentação necessaria: além do desenho authentico da bandeira e da precedente descripção da cerimonia, por Muniz Tavares, existem excellentes elementos de composição na gravura quasi contemporanea do Campo do Erario, do livro de Henderson, nos numerosos retratos dos principaes assistentes, e nos grupos de militares e de populares das estampas de Bradford, Chamberlain, Martius, Debret e Rugendas.

O sello da republica foi constituido com os mesmos symbolos da bandeira tendo em derredor a inscripção SALUS POPULI ∗ PERNAMBUCO.[2]

Frequentemente descripta e mais de uma vez representada em gravura, e notavel a discrepancia que entre si apresentam estas differentes descripções e desenhos da bandeira da republica de 1817.

Entre os contemporaneos, que certamente a viram, Tollenare delineou fielmente os seus esmaltes e figuras[3] e a sua descripção, divulgada por Ferdinand Denis[4],

  1. F. Muniz Tarares. — Historia da Revolução de Pernambuco em 1817.2. ed. — Recife, 1884, pp. 99-101.
  2. Varnhagen, loc. cit.
  3. Lọc, cit.
  4. Le Brésil, Paris, 1839, pag. 283.