de prata dourada que encerra o Coração Magnanimo, collocada sobre um elegante pedestal de ordem Jonica, primorosamente trabalhado. Esta urna de altura pouco mais ou menos de dez pollegadas, nem pela sua fórma nem pelo seu lavor offerece alguma couza de notavel. Em duas almofadas se leem as inscripções que tambem se transcrevem. Toda esta obra, que tem de altura 28 palmos, está encostada a um fundo do mesmo granito trabalhado a rustico, que sobe até ao nivel do coreto.
A necessidade de depositar o Coração em um lugar decente foi parte para que a Camara Municipal desta Cidade emprehendesse esta obra sendo Presidente o Sr. Vicente Ferreira Novaes; e coube ao Sr. Joaquim da Costa Lima o seu plano e inteira execução. Este architecto, em quem não fallecem talento e amor da arte, foi obrigado a moldar as suas concepções não só pelos limitados recursos pecuniarios do Municipio,[1] senão tambem pelas considerações devidas ao local, onde nem artista, nem empregadores podião talhar á sua vontade. Estas e outras circumstancias concorrêrão para que a obra sahisse humilde e de pouco relevo, e por tanto menos adequada ao grandiozo assumpto a que era destinada. Apezar disso honra seja feita a quem a projectou e levou a cabo, que é ella a unica, e talvez para sempre a unica, consagrada a perpetuar, não a fama do grande homem , mas a nossa gratidão. Porem eu direi concluindo com as palavras do eloquentissimo Vieira. — “Deixae-os ser ingratos para que vós sejaes mais gloriozo. Um grande merecimento sobre uma grande ingratidão fica muito mais subido. — Se vossos feitos forão Romanos, consolae-vos com Catão, que não teve estatua no Capitolio. Vinhão os Estrangeiros a Roma , vião as estatuas daquelles varões famosos, e perguntavão pela de Catão. Esta pergunta era a maior estatua de todas. Aos outros poz-lhes estatua o Senado, e a Catão o Mundo.„
- ↑ Custou a obra Rs. 1.800$. Principiou-se a 30 de Junho de 1835, acabou-se a 11 de Fevereiro de 1837.
