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Página:Sertão (Coelho Neto, 1926).djvu/222

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e atirou com a língua no céu da boca.

– Aí, seisão onça! exclamou Mandovi triunfante. É carta de fiança memo!

E retirando, com desempeno, a mão de cima da moeda, deu outro safanão às calças. Olharam todos para a parada e houve pasmo.

– Eh ! cabra... dois, hein ?

– Antonce? a gente honra a sua carta.

– Dois? perguntou o vendeiro com os olhos piscos.

– Apois?! Dinheiro não tá luzindo aí, Manezinho? Ocê não tá vendo? Passa o cobre dobrado e deixa de mamparreio.

O vendeiro afastou-se da mesa derreando a cadeira, puxou a gaveta e, tomando dois patacões, entregou-os a Mandovi.

– Tá, de sorte. Fica mais um bocado, rapaz.

– Quá nada! Ocê o que quer é raspar o cobre outra vez. Comigo não! e daqui no Serrinho é obra!

– Ocê vai tanto pro Serrinho cumo eu.

– Não vou? ocê sabe? pois mió. Dá cá mais uma derrubada aí mode o frio, gente. Um dos vaqueiros passou-lhe o copo e Mandovi bebeu com gosto, esticando a língua para lamber os bigodes. Té aminhã, gente.

– Adeu!

– Eh! Tigre... levanta. Com a ponta do pé espremeu o ventre de um cão negro que se levantou ligeiro e, rebolindo-se, a acenar com a cauda, pôs-se a mirá-lo rosnando. Bamo! Adeu, gente.

E, da porta, para rir, bradou:

– Dá um tombo nesse queixada comedô, gente.