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Página:Sonetos by Antero de Quental.djvu/14

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SONETOS

MORS-AMOR

Esse negro corcél cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me apparece
Da noite nas fantasticas estradas,

Donde vem elle? Que regiões sagradas
E terriveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavalleiro de expressão potente,
Formidavel, mas placido no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a féra extranha sem temor.
E o corcél negro diz: «Eu sou a Morte!»
Responde o cavalleiro: «Eu sou o Amor!»