— É preciso lidar com essa gente, para aprender-lhe as manhas, senão corre-se o risco de ser-se enganado a cada instante. E quem as conhece melhor do que o bicho?
Por isso o Soares, que era um gaiato de conta, a toda a hora, no jogo ou em negócio, chamava o visconde de – “meu mestre”; com o que este se lisonjeava, pois tinha para si que não era pequena glória dar lições de velhacaria a um espertalhão daquele tope.
O último dos parceiros, que ficava fronteiro ao comendador, mostrava uma figura respeitável. Poucas fisionomias possuem aquela sisudez, tocada por uma expressão de mansuetude, exalação, ou eflúvio d'alma, a ameigar as asperezas de uma consciência rígida e austera.
Nada mais enganador porém do que esse prospeto de homem importante, conhecido por Conselheiro Barros. Dentro, o que havia, era um desses entes ambíguos, destinados a viver em perpétua irresolução, almas bonachas e inertes, a quem a natureza deu em vez de cabeça um cabo, em lugar de coração uma azelha, para serem empunhados