nesse mister ingrato, de urdir enredos forenses, e desbastar autos, consumindo a mocidade na incessante labutação de borrar o papel e a consciência.
— O que fariam então?
— Para que se matarem a construir pedra a pedra uma posição às vezes bem medíocre, se podem tomar de assalto o futuro, e conquistar a reputação d'un coup de main, como fazem por aí os espertos? O processo é simplicíssimo. Marca-se entre os vultos notáveis do país aquele que mais convém à ambição do pretendente: um estadista, se o fuão destina-se à política; um literato, se o fuão aspira a escritor. Escolhido o alvo, assesta o sujeito contra ele toda sua metralha: a mentira, a injúria, o insulto grosseiro. A cidade ocupa-se imediatamente do escândalo. “Quem é?... Quem é que ousa atacar o homem eminente?” Conhecidos, mas principalmente os amigos, correm açodados à compra do pasquim; comentam as insolências e vão com uma caramunha de jesuíta propalando a notícia... O autor, de fuão que era na véspera, torna-se personagem; todos inquirem dele, apontam-no quando passa, repetem