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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/129

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haveres levantado a essas alturas épicas, desceres assim ao sentimentalismo corriqueiro de um poeta de sala, eis o que eu na minha qualidade de crítico, de amigo, e de futuro irmão, não posso tolerar.

— Queres fazer o favor de me ouvir? disse Ricardo, atalhando aquela volubilidade jovial, que em outra ocasião o faria rir de boa vontade.

— Espera; deixa acabar. O patife do visconde é um refinado tratante, um velhaco de tal quilate, que logo ao nascer logrou a natureza fazendo-se homem em vez da ratazana, para que ela o destinara. Mas para ter boas ideias, não há como essa gente. Aproveita a que ele te deu, que é excelente; e logra-o...

— Fábio! exclamou Ricardo com severidade.

— Que maior prazer pode ter um homem honesto do que o de “flambar” um velhaco?... Pensa nisso, que aproveitas mais o tempo do que lendo o farelório do Lobão. Até logo!

Ditas estas palavras, o peralta do rapaz ganhou a porta da escada, e desapareceu.