Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/128

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Sem atender às facécias do amigo, Ricardo continuou:

— São estas as consequências do passo errado que me obrigaste a dar, indo à casa do Soares.

— Com esta lógica sou capaz de te provar que, se não viesses de São Paulo, não estarias aqui; e portanto o visconde não te pilhava.

— Se todo o mal recaísse unicamente sobre mim!... Porém a minha pobre irmã Luísa também tem o seu quinhão. Mal sabe ela que as suas meigas saudades andam aqui desfolhadas ao vento do prazer, e quem sabe se já não calcadas aos pés de alguma falsa deidade!

— Meu caro Ricardo, estás hoje tétrico, como o Saião Lobato na Câmara. Aparece-te de repente o Vasques, disfarçado em visconde, para representar uma cena cômica, e tu em vez de dares boas gargalhadas e te divertires à custa do velho ginja, tomas o caso ao sério, e cais no dramático! Até aí, enfim passe. Na cena da “ejaculação” tocaste o sublime. Far-me-ias lembrar o Rossi, se eu o tivesse ouvido. Mas depois de te