Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/142

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Ricardo demonstrou-lhe que daquele modo promovia seus interesses. Além de não custar-lhe o cômodo nada, senão trabalho, gênero de que tinha boa provisão, podia entre os conhecidos da viúva obter novos discípulos.

— E te sujeitas a isso? perguntara-lhe Fábio admirado.

— O trabalho honesto honra; e esse de ensinar é dos mais nobres, respondera simplesmente o paulista.

No momento em que entrava o amigo, Ricardo escrevia à sua mãe, e confirmava-lhe as boas notícias que até então apenas lhe deixara entrever, receoso de afagá-la com falaz esperança.

— Trabalhando sempre! disse o trêfego fluminense recostando-se na marquesa de vinhático.

— Estou escrevendo para São Paulo, respondeu Ricardo com uma inflexão triste na voz.

— Oh! diabo!... É verdade, amanhã sai o vapor. Espera!...

De um salto chegou-se à mesa, tomou uma pena, e escreveu no primeiro bocado de papel que achou, estas palavras: