Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/168

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com o chasco habitual, pondo o dedo na venera; nada, nem como comenda, nem como joia. Como “comenda”, é uma “encomenda”, que já não “recomenda” ninguém. Como joia, eu tenho no coração do meu velho João, e dos amigos aqui presentes, um diamante de melhor água e quilate do que qualquer destes. Mas a intenção, essa é um tesouro; é a alma de um homem honrado e amigo dedicado.

Sentiu-se que o Soares estava comovido.

— Guida, minha filha, vem cá. Toma esta joia; ela te há de servir de broche. Em teu colo todos hão de admirá-la; e tu podes ter orgulho, minha filha, de adornar-te com a probidade de teu pai!

Guida lançou os braços ao pescoço do Soares.

Romperam os aplausos. A comoção era geral. Havia na reunião a eletricidade moral dos espíritos em ebulição, que só esperam uma centelha, para se inflamarem. A cena aí estava aberta; desenhada a situação; faltava só a palavra eloquente, que a exprimisse.

Algumas vozes proferiram o nome do Dr. Nogueira,